Você está desamparada

Eu tive minha primeira agência de comunicação entre 2012 e 2018, cujo nome era ACom Comunicação Integrada. Fiz textos como Ghost Writer para portais de notícias (assinado Da Redação), atendi mais de 40 empresas com serviços de comunicação e fiz a maioria delas crescer.

Fazia parte de um grupo de networking, onde donos de agência que ganhavam tanto quanto minha empresa, debochavam do meu MEI: “Ah, você não sabe como é pagar impostos altos, sobra bem pouquinho”. Não sei e nem quero saber, meu querido.

Em um país com taxas altíssimas de impostos, começar como MEI se você não é uma pessoa herdeira ou algo assim é inteligente. Utilizar o que ganha para não pagar mais impostos e, sim, reinvestir no seu empreendimento e no seu pró-labore é uma escolha assertiva e inteligente.


Mas o deboche vem.

O preconceito em relação aos MEIs é uma realidade presente em diversos setores, especialmente no campo da comunicação. Enquanto nós, MEIs atuantes na Comunicação, continuarmos desamparados, sem o devido reconhecimento e apoio, o mercado se aproveitará dessa situação, perpetuando um ambiente tóxico e nocivo. Essa consciência da precariedade em que nos encontramos é utilizada como uma arma para nos engolir, oferecendo remunerações inadequadas e exigindo um volume de trabalho excessivo. É uma realidade desafiadora e desvalorizante, porém, diante dessas circunstâncias, devemos lutar por mudanças e reivindicar um tratamento justo e digno no mercado da comunicação.

Não é glamour. Estamos num mundo de maioria capitalista, onde o dinheiro é quem manda. Não é bacana romantizar isso e mostrar que com 100 reais você pode fazer 1 milhão em 6 meses. É um trabalho onde você está vendendo seu conhecimento e seu tempo, em troca de uma quantia monetária.

A partir do momento em que o Jornalismo e a Comunicação tem pavor de falar de números e de salários, os donos brancos-heteros-ricos comandam e mandam nas regras e leis (a favor deles, lógico).

Se ninguém nos ampara, como vamos nos unir para exigir melhores condições de trabalho? Como vamos entender o que é o lado do trabalhador e o lado patronal? Podemos ser patrões? É errado e automaticamente eu viro um mostro que come dinheiro e não pensa nos outros? Lógico que não é tudo a ferro e fogo como dizem por aí. Há caminhos.

Vamos conhecê-los e tentar ter uma mente crítica sobre o mercado de trabalho e sobre o empreendedorismo na Comunicação? Por onde o dinheiro corre e o que eu devo fazer com isso? É errado ganhar dinheiro? Como eu devo e posso fazer isso? Quais minhas garantias?